29/09/2010 – Amanheceu com chuva e muito frio, mas mesmo assim aceitamos a sugestão do nosso amigo Ligieri, experte em Argentina, e fomos fazer o lanche da manhã, no famoso Café Tortoni. Realmente um lugar maravilho, onde se respira a nostalgia da Belle Epoque Argentina, O Café Tortoni foi fundado em 1858, e é a mais antiga casa de café da Argentina.
Logo ao chegarmos fomos atendidos por gentis porteiros
Ao adentrarmos ao recinto, ficamos extasiado com a beleza da casa, suas paredes emadeiradas,
tetos com vitrais, cadeiras com tampo de mármore verde,
são testemunhas dos freqüentadores, homens de letras, políticos e artistas, que transpassaram algo de suas personalidades a este tradicional café, inseparável da historia de Buenos Aires. Com toda a fidalguia da casa, foi nos oferecido um lugar de destaque junto a mesa onde os artistas mais freqüentes, tinham seus lugares prediletos, dentre eles:
Benito Quinquela, Carlos Gardel, Luigi Pirandello, Frederico Garcia Lorca, Arturo Rubinsteim, Alfonsina Storni e Jorge Luiz Borges.
Jorge Luiz Borges-Carlos Gardel-Alfonsina Storni
Jorge Luiz Borges, nasceu em Buenos Aires em 24/08/1899 e faleceu em Genebra no dia 14/06/1986, foi escritor, é considerado o maior poeta argentino de todos os tempos, é sem duvida um dos mais importantes escritores da literatura mundial, escreveu ‘Fervor de Buenos Aires” “O livro de areia” “Historia da eternidade” “Elogio da Sombra” entre tantos outros. Algumas frases de Jorge Luiz Borges “Nunca releio o que escrevo” “Prefiro viver em função do futuro” “Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, Mas viver sem amor acho impossível”
Carlos Gardel, seu nome de batismo Charles Romuald Gardés, nasceu no dia 11 de dezembro de 1890, em Toulouse,França, chegou com sua mãe a Buenos Aires quando tinha 2 anos de idade, foi compositor, interprete e ator, começou a cantar aos 17 anos. Em 1925 Gardel já era conhecido em toda a América, em 1927 acontece sua consagração na Europa. Carlos Gardel, é sinônimo de tango, representa um verdadeiro ícone do tango e continua sendo uma das personalidades mais queridas de toda a Argentina. Faleceu no dia 24 de junho de 1927 num desastre aéreo, no auge da carreira e da fama, em Medelim. Colômbia.
Alfonsina Storni, nasceu na Suíça, no dia 29 de maio de 1892, chegando a Argentina em 1901, teve uma infância muito difícil, trabalhou como lava pratos e serviços de mesa, aos 13 anos de idade se empregou em uma fabrica de chapéus, convidado por um diretor de teatro para substituir uma atriz que se encontrava doente, o fez com tanta maestria, que passou a fazer parte da companhia, mudou-se para Buenos Aires, trazendo consigo escassos livros e os seus versos, seu primeiro livro “A preocupação de Rosa” publicado com grandes dificuldades econômicas, apareceu em 1916, a partir daí seu nome aparece em Diários e Revistas de renome, é reconhecida como “a nova geração literária” . Seu livro “Languidez (1920) ganhou o primeiro Premio Municipal de Poesia e o segundo premio Nacional de Literatura, é reconhecida mundialmente. Em 1935 é operada, sendo retirado um tumor de seu seio esquerdo. Em 23 de outubro viajou a Mar Del Prata e no dia 25 de outubro de 1938, três dias antes de sua morte, acossada pela dor, envia de um solitário hotel em Mar Del Prata, seu soneto “Voy a Dormir” logo depois numa noite, se deita ao mar. Seu corpo e encontrado na manhã seguinte, os jornais publicaram manchetes com a noticia “Morreu Alfonsina Storni, grande poetisa da América”
LEVANTO-ME cedo e andava descalça
Pelos corredores ajardinados beijava as plantas
Eu e o meu cabelo penteado, mãos perfumadas
Fixa na porta meus olhos estavam
O relógio marcava dez horas
Lá fora o sol como nunca é visto
Na escadaria branca de mármore
Fixo no Portão seguindo os meus olhos
Fixo. Eu esperava
(Alfonsina Storni)
Viajando pelo tempo, no Café Tortoni pudemos visitar a Sala em sua homenagem, tal qual como em sua ultima apresentação.
Estivemos também conhecendo outros salões que exalam o perfume da historia deste monumental Café Tortoni.
Neste maravilhoso local, lembramos do nosso querido amigo poeta Aldo Aguiar. Aqui ele se sentiria em casa! deleitando-se ao respirar o ar impregnado de impulsos nostálgicos desses imortais poetas Argentinos.
Agradeço ao amigo Ligieri por nos ter sugerido esta visita, realmente e um amigo de bom gosto e fino trato.
Por voltas da 15,00 hrs fomos almoçar no Restaurante Bancheiro, outro ícone, da gastronomia Argentina.
onde nos deliciamos com sua famosa cozinha, apreciando um belo “Chouriço com papas fritas”
Este restaurante foi inaugurado em 1932, por um imigrante espanhol, na mesma esquina onde funciona ate hoje.
Tornou-se um local de encontro para artistas da época, dentre eles: Quinquela Martin, Eva Duarte (Evita), Tito Merello e muitos outros.
Quinquela Martin, seu nascimento não é determinado com precisão, pois foi abandonado em 21 de março de 1890 na porta de um orfanato, com um aviso preso a sua roupa “este menino foi batizado e seu nome é Benito Juan Martins”, foi adotado pela família Chinchella quando tinha seis anos, e adotou o sobrenome da família, ‘que mais tarde foi hispanizado como "Quinquela”., Desde pequeno já mostrava aptidão para a arte da pintura, começou a aparecer como pintor em 1910 e em 1920 foi enviado como representante da Argentina para uma exposição no Rio de Janeiro, participou de diversas exposições, vários museus do mundo possuem suas obras, Faleceu em Buenos Aires em 28 de janeiro de 1977, entre suas obras mais famosas estão “Tormenta em el Astilleto (Museo de Luxemburgo)” “Puente de La Boca (Palácio de St.James-Londres)”
Já ao crepúsculo do dia e ainda com aquela garoa que nos acompanhou o dia todo, fomos visitar o cartão postal de Buenos Aires
e lá estava ele, belo e impoluto, tal qual como o conhecemos em 1968,
Julho 1968
Julho 1968
é um monumento histórico da cidade de Buenos Aires, foi erguido em comemoração ao quarto centenário da fundação da cidade, tem 67,5 metros de altura, sua base mede 49m2. Para sua construção foram utilizados 680m3 de cimento e 1350m3 de pedra branca de córdoba.
Assim, nos despedimos da cidade de Buenos Aires. Amanhã dia 30 estaremos retornando a nossa terrinha.
Boa, muito boa esta viagem PRA LÁ DO FIM! Nós que dia a dia "seguimos" sua caminhada, estamos felizes por esta aventura maravilhosa.Bem vindos PRA CÁ DO FIM!!! M.Helena e Levy.
ResponderExcluir